O emprego de cães militares na Operação Arcanjo

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
I. Introdução
Toda operação proporciona oportunidades para que se aprendam ensinamentos que podem aperfeiçoar e desenvolver nossas doutrinas. Assim, é muito importante que após essas experiências sejam realizadas análises pós-ação e discussões, além da confecção de relatórios para que sejam tiradas lições aprendidas. Este artigo tem por objetivo apresentar os ensinamentos colhidos durante o emprego dos cães do 1º Batalhão de Guardas, “Batalhão do Imperador – 1823”, na Operação Arcanjo.
II. A Operação Arcanjo

As áreas do complexo de favelas da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foram dominadas, durante anos, pelo crime organizado até dezembro de 2010 quando as Forças de Segurança iniciaram a pacificação desta região, sob o comando do Exército Brasileiro. Foi a primeira vez que nossos soldados atuaram em uma operação desta envergadura com estas características, em território nacional. Já tínhamos realizado isto no Haíti.
A Força de Pacificação foi criada pela Diretriz Ministerial Nr 15/2010, de 4 de dezembro de 2010, e visava promover a garantia da lei e da ordem naquela área de operações interditada às forças policiais pelo narcotráfico. A competência e o profissionalismo dos militares foram demonstrados durante as ações realizadas pelas diversas tropas que se sucederam ao longo de 20 meses de ocupação.

A atuação do Exército se deu em um conflito de 4ª geração (G4G ou 4GW) e teve como missão a manutenção da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro por meio da pacificação das comunidades dos complexos de favelas da Penha e do Alemão, realizando a condução de Operações tipo Polícia, Operações Psicológicas e atividades de Inteligência e Comunicação Social, caracterizando a multidimensionalidade das ações.
Ao longo da pacificação foram apreendidas armas e munições de diversos calibres, carregadores, granadas, grande quantidade de drogas, além de muitos reais e dólares. Foram também recuperados vários automóveis e motos roubados, e várias prisões e detenções de suspeitos aconteceram. É importante ressaltar que neste período de ocupação não houve mortes por confrontos armados.

Aconteceram centenas de reconhecimentos em vias de acesso às comunidades e milhares de postos de bloqueios foram montados. Foram realizadas, ainda, operações de busca e apreensão (OBA), isolamentos de áreas, ações cívico sociais e voos de reconhecimentos na área ocupada. De todas estas, apenas a última não teve a participação de Cães Militares.
III. O Cão Militar no Exército Brasileiro
Os cães acompanham os homens há muito tempo. Isso pode ser confirmado nas cavernas onde foram encontrados desenhos que mostram a ligação de nossos ancestrais com lobos, em trabalho mútuo.
Mas, foi na era moderna que o emprego dos cães para fins militares foi mais evidenciado. Nos conflitos mundiais os cães eram utilizados no apoio médico, para transporte de feridos, nas comunicações levando mensagens, na colocação de fios de telégrafos e no transporte de munições, armas e suprimentos.

Eram utilizados também em ações de sabotagem nas trincheiras e como esclarecedores, o que diminuía as baixas de humanos nas patrulhas. Os campos de prisioneiros eram fechados com cercas e fortemente vigiados por guardas e cães. A União Soviética utilizou cães suicidas, armando-os com bombas para conter o avanço das divisões Panzer Alemães. Por sua vez, os alemães foram pioneiros na utilização de pastores como cães paraquedistas.
O Exército Brasileiro sistematizou a utilização de cães por meio da Portaria Nr 318-GB, de 12 de outubro de 1967, que aprovava o Manual de Campanha C 42-30 (Adestramento e Emprego de Cães de Guerra), e da Portaria Nr 932, de 24 de junho de 1970, que autorizava o emprego de Cães de Guerra nas Organizações Militares de Polícia do Exército, no Curso de Operações na Selva e Ações de Comandos e na Brigada de Infantaria Paraquedista.

O cão é uma opção vantajosa para emprego nas operações, pois: poupa a vida do militar, proporciona um impacto psicológico na força adversa, sua silhueta é pequena, seu deslocamento é rápido (10 m = 2 segundos), o gás lacrimogêneo não afeta o cão, e é preciso na localização de materiais ilícitos e pessoas.

Como uma arma não letal, o cão de guerra, se empregado corretamente, proporciona um aumento do poder de combate. O efeito psicológico que o animal oferece é muito importante para o sucesso de uma missão, principalmente se as ações se desenvolvem em áreas urbanas, onde o efeito colateral de uma operação mal sucedida pode trazer consequências danosas à força.“insucessos no nível tático provocam resultados desastrosos no nível estratégico.” (UFRJ, 2011)

Fonte:Iago Malta

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