As recentes discussões a cerca do tão aguardado programa de reaparelhamento da Marinha do Brasil, PRM e a consequente reestruturação da Força Naval Brasileira, tem-se levantado na mídia nacional e internacional questionamentos sobre as verdadeiras necessidades da Força Naval Brasileira, bem como as transformações as quais esta irá passar nos próximos 20 anos.
Depois do polêmico anúncio da retomada do desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro, um tema em especial ocupa um lugar de destaque nas discussões e debates surgidos desde então; a manutenção e possível substituição do Porta-aviões São Paulo. Isto porque caso a decisão seja favorável à aquisição de um navio desta categoria, esta escolha trará consigo consequências marcantes à doutrina e emprego de meios navais ao serviço da Marinha do Brasil.
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O debate acerca da aquisição de um Porta-aviões levanta questões relativas as reais necessidades da Marinha Brasileira em operar navios desta categoria, já que por via de regra, os Porta-Aviões são navios de projeção de poder, presentes em geral em marinhas de águas azuis as quais geralmente os empregam independentemente ou como navios comando de grupos de ataques compostos por uma plêiade de outros tipos de navios especializados.
Os Porta-aviões são navios de guerra projetados para servirem de bases aéreas móveis para uma força de projeção de poder. Além de serem usados como instrumentos de intimidação, estes navios atuam sobretudo garantindo a projeção de poder aéreo a grandes distâncias e sem auxílio de bases terrestres ou instalações fixas.
É comum encontrarmos nestes debates quem defenda que este tipo de navio não se adequa as necessidades da Marina do Brasil, alguns críticos sugerem que o Brasil necessita adotar uma marinha dedicada a defesa do litoral, que entre outras características destaca-se pelo emprego de embarcações de menor tonelagem especificamente desenvolvidas para este fim.
De fato, a manutenção de uma força com características oceânicas e baseadas em Porta-aviões e suas escoltas demandam altos investimentos, muito acima do possível para um país como o Brasil cujos orçamentos destinados à defesa não condizem com a sua importância e dimensões.
Uma modesta estimativa de custo de aquisição de uma força capitaneada por um Porta-aviões médio (60 000 toneladas de deslocamento) capaz de operar quarenta aeronaves modernas, e suas três ou quatro escoltas dão–nos uma ideia do quão dispendioso torna-se a operação deste tipo de navios. As estimativas mais modestas apontam para valores da ordem dos R$ 15 bi excluindo-se as aeronaves e os custos anuais de manutenção desta força (o que obviamente elevaria as despesas a patamares impraticáveis) são quantias proibitivas para países de economia mediana e orçamentos parcos.
Além disto, a manutenção de uma força de ataque com estas características só se fundamentaria se eventualmente o Brasil assumisse uma posição de maior expressão no cenário mundial, posição esta a qual exigiria um incremento do poder militar e da adoção de um força naval dissuasora capaz de atuar em qualquer parte do planeta.
A substituição do NAE São Paulo deve se torna um dos pontos centrais nas discussões do futuro PRM, isto porque esta decisão provocará importantes transformações no tocante ao real papel e futuras atribuições da Marinha de Guerra do Brasil.
Alguns estrategistas afirmam que caso as decisões sobre a futura doutrina militar baseiem-se nestas premissas, estas deverão ser tomadas como os alicerces do futuro PRM, e sobre este ponto de vista, esta “nova” força com capacidade oceânica teria fatalmente que contar com um número significativo de belonaves com capacidade ofensiva, autônomas e com grande poder bélico. Para isto justificar-se-ia a aquisição e continuidade do emprego de Porta-aviões pela Marinha do Brasil.
No panorama internacional, mais especificamente após “fim” da guerra-fria, surgiram pelo mundo todo, críticas e posicionamentos contrários a sobrevivência dos grandes e caros grupos de ataque e especialmente sobre a sobrevivência dos Porta-aviões. O fato é que quase vinte anos depois, o que se vê mundo afora é que as grandes potências e as emergentes parecem apostar na continuidade destes navios como peças fundamentais aos seus arsenais.
Um exemplo claro disto é a US-Navy, que por aquela altura questionava-se sobre o futuro dos poderosos Grupos de batalha e que em períodos recentes vem adotando e desenvolvendo a doutrina de guerra de litoral, mas que no entanto, dá claros sinais através dos programas de desenvolvimento DDX e CVX, de que pelo menos nos próximos 25 anos, os recém nomeados Grupos de Ataque, continuarão a ser a ponta de lança das forças navais da maior potencia militar do planeta.
Esta tendência vem sendo seguida também por outras nações, França, Inglaterra, China, Índia e mais recentemente a Rússia, nação que sempre negou a viabilidade dos Porta-aviões, por julgá-los demasiado vulneráveis e sem relativo valor militar no ambiente de uma guerra global, parece agora canalizar seus esforços para a construção de uma Força de choque composta por um número significativo de navios deste tipo.
Concepção artística de um NAE nuclear suposto para ser a base de uma família de até oito navios destinado à marinha popular da China. Tanto este país como outras potências emergentes tem anunciado a sua intenção de efetivar a operação de uma frota de navios como estes.
Isto parece acontecer exatamente no momento em que estas nações buscam aumentar o seu poder de influência no cenário mundial, e por tanto necessitam da adoção de forças dissuasoras com capacidade de impor suas vontades em defesa de seus interesses em qualquer parte do globo.
As conjunturas apontam para este fim, é de se perguntar, o Brasil vai ser exceção a isto?
Na opinião do autor, não… O Brasil precisa e fatalmente vai assumir um papel mais importante no cenário mundial, devido a sua importância estratégica, seu poder diplomático e principalmente pelo seu crescimento econômico e influência política.
No entanto, este novo posicionamento, cobrará do nosso país um posicionamento mais claro em relação as questões internacionais, ocasionando-nos elevadas perdas no campo diplomático as quais serão seguidas por um aumento da beligerância e da necessidade de imposição da nossa soberania as demais nações concorrentes. Os efeitos desta transformação a qual encontra-se em andamento já podem ser sentidos, novas doutrinas e até mesmo o tão propagado PRM, são resultados disto, estes fatores apontam para uma nova era que se avizinha para o poder naval Brasileiro, o qual será fortalecido e ampliado, mas que também trará consigo, efeitos negativos para o nosso país.
As dimensões continentais, o extenso litoral, a importância do comércio marítimo na economia e a expansão comercial brasileira, apontam para a necessidade de uma Força naval aparelhada, adaptada a guerra futura e capacitada à defender o nosso país seja em águas litorâneas seja em qualquer parte do globo, atuando independentemente, impondo e defendendo os interesses do nosso país e aliados.
Na visão do autor a expansão do poder naval brasileiro será uma consequência natural da expansão de suas fronteiras econômicas e a adoção de forças compostas por grupos ataque chefiados por Porta-aviões serão uma realidade a médio e longo prazo, constituindo-se em importantes meios de dissuasão e afirmação do poder naval Brasileiro.
Os indicadores económicos positivos sugerem-nos que a concretização deste “sonho”, hoje impossibilitado pelo atual estágio de nossa economia será revertido. E numa outra realidade onde, o ambiente de crescimento favorável e prolongado até meados das duas próximas décadas, tornará possível em médio prazo à nossa marinha poder concretizar a incorporação e operação gradual de uma força composta por três ou quatro Porta-aviões e suas escoltas, mais especificamente a partir de 2015, coincidentemente, o período em que o São Paulo estará sendo desincorporado.
As soluções para sua provável substituição não são muitas, a título de exemplo, considerando-se a possibilidade de se adquirir navios de segunda mão, os americanos seriam talvez a melhor opção dado que estes encontram-se em melhores condições, pesa ainda a favor disso, o fato de que Washington nunca negou esta possibilidade ao Brasil tendo no passado por diversas vezes oferecido seus Porta-Aviões convencionais recém retirados.
No entanto, devido as suas dimensões os navios americanos são de elevado custo operacional e se tornariam um problema de ordem logística pois não poderiam operar por muito tempo além da metade da década de 2020. Com mais problemas ainda estaria o remanescente Russo,KUZNETSOV, que traria mais dores de cabeça que soluções pois seus equipamentos e sistemas, sua idade e seu conceito não se adequariam as condições da nossa Marinha. Os Navios Britânicos da classe INVENCIBLE estariam fora de cogitação, dado que estes deveriam operar obrigatoriamente caças STOVL os quais a Marinha do Brasil aparentemente não está interessada. Restam então os grandes nucleares americanos e o Francês CHARLES DE GAULLE, cujas disponibilidades de venda podem ser descartadas por serem naves complexas e de alto valor militar para os seus países de origem e que não estarão nem se quer em previsão de retirada à esta altura.
No caso do CHARLES DE GAULLE até se poderia considerar uma variante de propulsão convencional a qual poderia preencher as necessidades da nossa Marinha, e que seria um navio muito bem dimensionado as nossas necessidades.
Esta parece ser a hipótese mais possível de se tornar realidade, no PRM a Marinha do Brasil pretende adiquirir pelo menos dosi Porta Aviões, um deles baseado no Rio de Janeiro e o segundo captaneando a frota apartir da nova Base naval a ser construída na Baía de São Marcos no Maranhão, a qual será a base comando da segunda frota a ser criada.
Neste ambito, a Marinha estaria avaliandoa construção de um navio convncional apartir do Charles De Gaule, os dois navios, pretende-se sejam construídos no Brasil.
Um modelo convencional baseado no CGD é o mais forte candidato a ser o futuro Porta Aviões da Marinha do Brasil que avalia a possibilidade de operar no futuro pelo menos dois novos Porta aviões. Créditos Turbo Squid
Entretanto o autor não se fixará nesta idéia pois deixará em aberto esta possibilidade e deixa em aberto esta questão para posteriores discussões.
A segunda hipótese sobrecairia na aquisição de um navio totalmente novo e neste contexto o programa que mais se aproxima das necessidades da marinha do Brasil (considerando-se a manutenção de um navio COTL) é o Franco Britânico CVF/PA-2, ou mesmo de uma nova classe derivada deste. No entanto apesar de suas vantagens no campo técnico e político, dado que a França não mantém restrições as aquisições militares Brasileiras, os altos custos de aquisição do programa poderiam inviabilizar o processo de aquisição de uma força baseada neste programa.
3 comentários:
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Eu penso que devemos ficar com o nosso já velho porta-aviões São Paulo e construirmos numerosas corvetas, lanchas patrulhas fortemente armadas e com moderna tecnologia, muito mais fragatas, barcos de desembarque de tropas, navios-tanques, lanchas armadas "até os dentes" para patrulhar a Amazônia, enfim, encher-nos de navios e barcos totalmente prontos para defender nossas águas fluviais e nossas 200 milhas, além de acabarmos com a pesca predatória de barcos pesqueiros brasileiros e estrangeiros.
Devemos também ter a capacidade de não deixar que qualquer marinha estrangeira se meta a atrapalhar nossa navegação comercial e marítima, ou ao menos impôr o respeito necessário para que eles pensem duas, digo, duzentas vezes, antes de qualquer gracinha, tipo Dugai Troin (?) ou bloqueio naval, como fez a loira e pérfida Albion (Inglaterra) em meados do séc. XIX (Bill Aberdeen & Questão Christie), mas desta vez, provavelmente, encabeçados pelo decrépito e fétido Tio Sam, sua bolsa à tira-colo (o Reino-Unido) e seus poodles raivosos (a OTAN).
Complementando o comentário anterior, acho que estamos no caminho certo ao construirmos mais submarinos, com a tecnologia francesa que nos está a ser transferida, além do nosso tão sonhado submarino nuclear - mas acho que temos que ter pelo menos dois - um para a costa norte e parte do Nordeste e outro para a costa Leste e o Sul.
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